supercrônico

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crônicas, contos e poesias

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vendedor - O inimigo público

Sabe quando você esta no banho quente, em pleno mês de junho, faz frio lá fora e você relaxa sentindo a água cair em gotas nas suas costas, mas um furo mal planejado em seu chuveiro lança uma gota fria que cai bem no seu ombro. Chato não é!? Tão chato quanto aqueles programas de domingo a tarde, que você acaba assistindo por não ter o que fazer em um domingo tão chato quanto aos  mesmos programas que passam na TV. E aquele amigo que chega na sua casa a qualquer hora, entra sem chamar ou apertar a campainha, te acorda puxando seu edredon da cama, abre a geladeira e depois quer ir aonde você vai.
 Esse pingo chato, esses programas de domingo e esse amigo importuno, são tão chatos quanto à aqueles vendedores que te ligam na hora do almoço pra te vender um curso de informática ou produtos veterinários. O curso é até interessante e o sal pra boi também, mas não estão em seus planos. O vendedor te convence a importância do curso mas te incomoda por uns 10 minutos enquanto você diz não.
O CIDADÃO COMUM TEME O VENDEDOR COMO SE TEMESSE UM INIMÍGO PÚBLICO. As palmas no portão soam como uma rajada de metralhadora R-15 e aquela mala de couro na mão deles mais parece um porta-munição.
Ah! Quem nos dera se todo mal do mundo fosse os vendedores, que se as comunidades ao invés de serem tomadas por traficantes ou mílicias, fosse invadidas por individuos que tentam ganhar a vida te empurrando mercadorias e que ao invés de ser assaltado a mão armada você fosse abordado por um vendedor que te diria frases decoradas de markenting tipo:
"Você quer comprar um livro de auto-ajuda escrito por um sábio  chinês e que de brinde você ganha outro livro de receitas escrito por Ofélia?".
E você um bom cidadão consumidor acoado diz não, mas que logo é abordado por outro que diz:
"Você deseja comprar um shake emagrecedor que no ato da compra leva também  uma caixa de barras de cereais e uma gelatina diet?"
Nisso você continua a dizer não mas da de cara com um senhor de chapéu de palha e um cesto também de palha na mão que te diz: "Olha o queijo fresquinho de minas" e você sem suportar diz NÃOOOOOOOOOOO!!!
Pior é quando você esta do outro lado e deixa de ser alvo pra ser um caçador assíduo de consumidores tentando convence-los com suas técnicas verbais de venda. É ruim se sentir temido, pois independente de ser legal ou chato os vendedores são trabalhadores honestos como qualquer um.
Cabe ao vendedor ser sútil e agradável e o consumidor atende-los com respeito e educação.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Precipício

oOOOOLÁÁÁÁ

E o individuo respondia:

OOOOLÁÁÁÁ

Começava-me criar antipatia diante daquele sujeito que repetia por inteiro toda frase que eu falava e além de repetir, ele repetia também a última silaba, da última palavra, no mesmo tom da minha voz, a frações de segundo após eu dar gritos e que não se identificava,  não sei se a voz era masculina ou feminina, só sei que não dizia quem era e muito menos  seu nome.
EI VOCÊ!
E a voz retornava a meus ouvidos
EI VOCÊ... CÊ... CÊ!
Revoltei-me e comecei a atirar pedras em sua direção, que se espatifava nas rochas do vale.
Aproximava-me cada vez mais e a cada passo esbugalhava os olhos a sua procura.  Minutos depois Retornei a atirar pedras, mas desta vez nas moitas que beiravam o paredão rochoso, desconfiado, achando que talvez pudesse estar escondido em uma delas, mas de nada resolvia, se estivesse escondido em alguma daquelas moitas que beiravam o paredão rochoso, com certeza eu lhe acertaria, bem na cabeça, pois a ira que me causara naquele momento era bem forte, a ponto de desmoronar os montes sobre as flores da planície verde, reluzida pela luz do sol daquele fim de tarde.
Conforme o tempo ia se passando, o sujeito ia me vencendo pelo cansaço, e começava a me sentir um idiota.
QUEM É VOCÊ? DIGA-ME POR FAVOR? O QUE QUER COMIGO?
E o individuo repetia com a voz já fraca, mas sem deixar de repetir o que eu dizia.
QUEM É VOCÊ... CÊ... CÊ? DIGA-ME POR FAVOR... VOR... VOR? O QUE QUER COMIGO... MIGO... MIGO?
Esse deve ser um cara debochado, daqueles que riem átoa, de tudo, de todos  e não tem nada pra fazer além disso, pensava. Pois daí eu resolvi esperar que me dissesse algo para que eu repetisse, para que sentisse o quanto era ruim passar por idiota e ser motivo de chacota por alguns instantes.
TIC-TAC, o tempo foi passando e eu sentado em uma pedra esperando e  nada desse indivíduo aparecer.
Já deve ter ido embora, presumia, pois deve ter se cansado assim como eu e não ficou para esperar chamá-lo novamente, no mínimo tivera percebido que eu queria me vingar da tal brincadeira sem graça, com a mesma brincadeira. Mas horas depois Decidi também ir embora, mas antes lhe chamei outra vez, somente para certificar-me se realmente ele tinha ido ou não embora antes de mim.
EI VOCÊ, POR ACASO AINDA ESTA PRESENTE?
E não é que o fulano correspondeu-me. Na verdade o mais esperto foi ele, que pacientemente me esperou pra me dar a cartada final daquela brincadeira toda.
EI VOCÊ... CÊ... CÊ, POR ACASO AINDA ESTA PRESENTE... ZENTE...  ZENTE?
Putz! A antipatia se transformou em simpatia e comecei achar tudo aquilo engraçado. Eu já nem era mais aquele irritado de horas antes a ponto de estrangular o desconhecido.
RÁ, RÁ, RÁ, RÁ, RÁ
Deitava-me e ria.
RÁ, RÁ, RÁ, RÁ, RÁ
E o sujeito também se matava em gargalhadas junto comigo.
Quase sem fôlego e com os olhos chorosos de tanto dar risadas, juntei minhas coisas para partir de volta para a casa e junto ao cansaço que me esgotava, veio o frio, a fome e o medo da altura. Abanei as mãos em direção ao desconhecido me despedindo, embora não sabia onde ele estava, quem era, daonde veio e qual era seu nome, baixinho e falando comigo mesmo lhe falei:
Prazer em conhecê-lo e obrigado pela companhia”
Ele não repetiu, creio que não ouviu, porém foi muito baixo, não se despediu de mim e lentamente desci do alto daquele precipício.

Vagner Zaffani-(texto-15)
12/05/2003


sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Um bom rapaz no Brás e seus super poderes

Um bom rapaz no Brás é aquele que fantasiosamente se transforma, adaptando-se a cada situação, como se fosse o Morpho que teve sua primeira aparição em 1992 no X-men. Um Morpho social deslumbrado e perdido numa cidade grande, horas e quilômetros distante, que logo se torna invísivel ao meio daquela multidão esvairecida, tumultuosa, disputando lugares nos corredores estreitos, entre uma piscina ou outra de tecidos costurados. Diante daquele empura-empurra danado, o bom rapaz se torna um atacante de football, abrindo brechas na ombrada e no jogo de cintura pra chegar onde deseja. Claro, sempre com educação pra não arrumar confusão.
O bom rapaz no Brás se assusta ao ouvir de trás alguém gritar: "Olha o pesado... Olha o pesado...", que nada mais era que um jovem que ganha vida empurrando carrinhos de compras à aqueles que consomem muito, também querendo brechas pra passar com seu carrinho de mão.
O grande e popular Brás, situado na região central de São Paulo, que nasceu numa região de chácaras, que cresceu e desenvolveu como bairro operário e pátria dos imigrantes italianos, depois acolhendo os imigrantes nordestinos, que hoje também me acolhe por alguns instantes, respirando diafragmamente pra manter a calma, diante do caos e sob o céu acizentado da capital paulista.
O bom rapaz no Brás se assusta novamente ao ouvir alguém gritar de trás: "Olha o quente... Olha o quente", que por sua vez era uma trabalhadora que, cuidadosamente também abria brechas nos corredores apertados com um copo de café cheio nas mãos.
O bom rapaz no Brás se torna um surfista dropando no mar de gente, nas cabeças dos trinta mil que alí circulam. A lua sumiu em um eclipse de terça feira, mas esses trinta mil não viram, apenas viram  camisas e camisetas, bermudas, calças, cuecas, meias, vestidos, calçados, bijouterias, lingeries, bonés, perfumes, brinquedos, bolsas, nas quatro mil e quinhentas barracas alí presentes.
Logo o bom rapaz, que até então era uma coruja, pra suportar a força do sono daquela madrugada quente e  esperto quanto a maldade daqueles que roubam as carterias e compras, se transforma em Reed Richards, o borrachudo do quarteto fantástico, se esticando todo entre as mãos que se tapeiam nas bancas das feiras. O bom rapaz no Brás é um verdadeiro super-herói, que enfrenta o desconhecido em busca de seus objetivos, encontrando coincidentemente outros super heróis, vindos de todo Brasil, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Interior Paulista, Será uma reunião da liga de Justiça?  Nossa! Quantos heróis como o bom rapaz perdido no Brás.
De Reed Richards para um leão feroz, devorando compras e compras e depois caminhando usufruindo da força de um urso para carregar sacolas e sacolas.
Da pra formar uma cidade se juntarmos todos os coreanos, chineses e outros estrangeiros que ali pertencem. Da pra formar um nação de tantos transeuntes que ali frequentam, nação que aumenta cada vez que nos aproximamos do Natal.
O bom rapaz volta a realidade e deixa de ser Morpho pra ser ele mesmo e, volta para casa ainda sentindo no ar o cheiro de roupa nova.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vermes de ouvido

Ah! Quem nos dera se pudessemos guardar na cabeça com facilidade, os ensinamentos de um professor de matemática, para que possamos nos dias de prova apenas trazer o que esta la dentro pra caneta e o papel, sem ter que estudar. Ah! Quem nos dera se pudessemos de imediato decorar todos os igredientes de uma receita enorme de bolo, que a gente tanto gosta e que nossa vó insiste em nos ensinar, pra que possamos ser o herdeiro dessa degustação tradicional e familiar. Bom seria também se conseguissemos guardar as ruas e o caminho da casa de um amigo, cujo mora em outra cidade e você só foi uma vez a cinco anos atrás. Quem lhe dera também guardar na mente os números exatos da mega sena, que surgiu na sua mente enquanto dormia, dizem que os verdadeiros números da sorte são os números que sonhamos.
Um dia tentei descrever um filme que marcou minha infância a um amigo, durante uma conversa nostálgica, mas só lembrei do momento em que o mocinho venceu o vilão. Não que sejamos incapazes de armazenar na memória coisas do tipo, tem gente que te conta a estória toda de um livro de quinhentas páginas brincando, só que nós seres humanos infelizmente só reserva sem querer o que não presta, principlamente aquelas musicas horriveis que insiste nos perseguir como um rádio de uma canção só dentro de nossa caixa craniana.
Quem se lembra em 1996, hoje o atual deputado federal Tiririca cantando: "Florentina, Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas... Pra que tu me seduz".
Era um saco aquela música, por mais que era engraçada, ela era um saco.. Você ia ao centro comercial de sua cidade e quando entrava numa loja de eletrodomésticos, se deparava com um enorme aparelho Cd player cheio de leds piscando e tocando: "Florentina, Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas... Pra que tu me seduz". Aí, em casa cansado de tanto andar sob o sol quente de São José do Rio Preto, você ligava a TV e tinha ele lá cantando em todas emissoras: "Florentina, Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas... Pra que tu me seduz". Involuntariamente na hora do banho enquanto você se ensaboava,  assobiava junto a melodia de: "Florentina, Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas... Pra que tu me seduz".
Na mesma época uma dupla chamada João Paulo e Daniel lançou uma música no mercado fonográfico como se tivera lançado um míssel perseguidor pra nos acertar direto os ouvidos dia e noite: "Que estou apaixonado, e esse amor é tão grande,  que estou apaixonado e só penso em você a todo instante".
Anos depois, em meados de 2003 a cantora Luka estourava nas rádios com a música que dizia: "To nem aí, to nem aí, pode ficar com seu mundinho que to nem aí", Também se tornando o que nós chamamos de VERMES DE OUVIDO.
Os vermes de ouvido que nos atazana atualmente são musicas tais como: "No rebolation, no rebolation", ou: "O jeito é, dar uma fugidinha com você", ou também: "Te dei o sol te dei o mar, pra ganhar seu coração, você é raio de saudade meteoro da paixão..." . Mas quanto mais próximo do Natal chegamos o verme de ouvido mais comum é:  "So this is christmas, and what have you done..."
Mas esse sempre será bem-vindo,  além de ser uma bela canção de John Lennon, também nos climatiza para essa data  tão esperada data por muitos.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O tamanho do medo


O Brasil é um país cujo tem as portas escancaradas pra receber visitais internacionais em todo seu território, seja ela de qualquer canto do mundo. E 2010, foi um ano repleto destas, nos deslumbrando com suas artes, sua musicas, sua esportividade e etc. Quem passou por aqui foram os Black eyed peas, The Smashing Pumpkings, Kings of Leon, Guns n´roses, Kevin Costner and Modern west, Metallica, The Cranberries, Could play, Franz Ferdinand, NOFX, Eagle-eye cherry, Beyönce e o eterno Beatle Paul McCartney. Além também do campeão olímpico André Agassi que veio fazer uma disputa comemorativa com o tenista Brasuca Gustavo Kuerten.
Mais de todas as ilustres visitas do ano que passou a que mais me chamou a atenção foi a de um chinês que não tem nada de artista e muito menos esportista, que em uma entrevista para a imprensa nacional ria encantado com as belezas do litoral brasileiro. Enquanto o gigante chinês chamado Xei Xung passeava nas ruas do Rio de Janeiro eu ouvia alguns que lhe mediam dos pés a cabeça dizendo: "Eu tenho medo dele". Medo do que e por que?
O medo é um sentimento que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente quanto psicologicamente.
Existe vários tipos de medo.  Medo de inseto, medo de escuro, medo de água, mas o medo que não compreendo é o medo de gente grande. Será que o individuo por ser muito alto ele será mal? Será desumano e dotados de intrigas? Creio que seja uma associação aos vilões dos filmes americanos antigos que ainda passam na sessão da tarde, cujo os vilões são maiores e oprimem os de altura inferior, usando smepre jaquetas de couro preta e visual rock n roll.
Há vários mitos que envolvem o cidadão alto, uma delas é a de que quem é grande não sente medo, não sente frio, nem sente fome e se sentir fome comerá o dobro que qualquer um come e, se um homem grande chorar ' pelo amor de Deus': " O que? Um homem desse tamanho chorando? Eu não acredito!". É o que dizem quando veem o alto a chorar.
E também não pode perder para um menor em nada, nem na briga,  nem no esporte e nem num simples jogo de baralho: " Eu não acredito, desse tamanhão todo e perdeu para aquele pequenino?", mesmo ambos tendo a mesma idade, surpreende os que veem o acontecido, como se quanto maior fosse mais habilidade teria, sendo que isso depende muito do raciocinio e não da altura.
Fora que a sociedade lhe restrita até para vestir. Se você é alto terá que vestir como pessoas mais velhas mesmo sendo ainda jovem: " Desse tamanho usando essas roupas? Como fica ridículo"
Mais do que comum é ouvir piadinhas tais como: " Já não passa mais na porta hein!?", "Pra beijar tem que abaixar não é?", "Tá frio aí em cima?", Se perguntar a um gordo se ele passa na roleta do ônibus coletivo  ou não, irão questiona-lo dizendo que você é desrespeitoso com este, mas se perguntarem ao alto se ele cabe na cama não é falta de respeito, digo na opinião destes que fazem essas piadinhas de mau gosto e, se o alto achar ruim da tal pergunta ele será tachado como ignorante. É complicado não é!?
Curioso é quando o chefe de alguma coisa olha para o menos e diz: "Você será o responsável pelo atendimento ao público e o maior será o segurança do evento". É como se o maior só soubesse fazer isso e não tivesse nada dentro dele além do "ar assustador"  do mesmo, sendo dotado apenas a dar segurança aos demais e incapaz de usar sua intelectualidade.
As mães dos amigos de infância nunca deixam seus filhos brincarem com o menino maior, elas temem que o garoto alto machuque seu filho com alguma brincadeira de criança, mesmo que esta brincadeira seja inocente, sem intenção de machucar, fora que acham que não combinam os dois andarem juntos com tal diferença de altura e diz: " Filho, esse menino é muito grande pra brincar com você, eu não quero ver você brincando com ele", ou seja, o medo pelo grande vem desde que ele ainda é uma criança e quando esse garoto cresce e entra na fase da puberdade, se depara com a dificuldade de namorar meninas, porém elas não aceitam a 'ficarem' com meninos muito alto, embora tem muita mulher que atualmente admiram e até participam de comunidades em redes sociais na internet voltadas para esse tipo de gosto.
São mitos que muitos desconhecem e só sendo um Xei Xung na vida pra sentir na pele, ainda mais morando no Brasil, país cujo a estatura mediana de um homem é de 1, 70 a 1,85 e da mulher é de 1,60 a 1,75.
O cidadão grande pode muito bem exercer tarefas que na qual ele use o seu próprio raciocínio, sua criação, sua comunicação e outras habilidades pessoais, fora que também muitos tem um super coração e isso depende muito do caráter e não da altura.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A esquecida

Certa vez Jonas todo empolgado levou sua nova namorada numa reunião de amigos repleto de cervejas, petiscos e muita falação de bobeira. "O nome dela é Nana", disse ele sorrindo e apresentado-a aos amigos.
Mas quando fui até a cozinha pra pegar uma lata de cerveja ele foi até a mim e me confidenciou defeitos cruciais de sua nova namorada. Ele me disse que além de trabalhadora, de carinhosa, educada e de boa família, ela se esquecia de tudo.
Ela se esquecia de vestir as meias, de ir ao médico, de comprar mistura quando ia ao mercado, de ir a faculdade em dias de prova, de levar o guarda chuva nos dias de chuva e quando levava esquecia-o na casa da mãe. Ela se esquecia de pagar as contas, de fechar a torneira, as calcinhas penduradas no box do banheiro, a porta aberta quando vai dormir, o ferro de passar roupa ligado, a panela no fogo e a vela pra sua santinha de devoção derretendo no criado mudo.
Um belo dia ela saiu de casa pra comprar cigarro e no caminho ligou pra Jonas e disse:

__ Benhê, me perdi.
__ Aonde você está?
__ Na rua Antonio Carlos.
__ Eu moro na rua de trás meu amor.

Isso porque ja fazia seis meses que ela ia quase todos dias a casa de Jonas. Era daqueles namoros modernos cujo o casal mas dorme na casa um do outro do que na sua própria casa. Nana brincava e dizia que Jonas era seu 'namorido' , meio namorado, meio marido, atualmente os namoros fluem muito rápido.
Tem uma outra estória que Jonas me contou enquanto eu ainda procurava uma lata gelada de cerveja naquela geladeira que mal fechava. Ele me disse que um dia uma amiga da capital ligou e disse:

__ Parabéns amiga, você sabe que dia que é hoje né?
__ Que dia?
___ Dia do... Dia do... Dia do..
__ Já sei...Ha, ha, ha, ha... Dia do médico.
__ Não, é o dia do seu aniversário, parabéns, felicidades, saúde e sucesso pra você.

Nem a data do próprio aniversário ela lembrava, mas o pior nem foi isso. Jonas me disse que um dia quando foi a casa dela e a encontrou sentada na beira da cama só de calcinha, de salto, cabisbaixa, me lançando um roupão vermelho e dizendo: "Jonas, acho que estou grávida", e ele perplexo com a possível gravídez inesperada perguntou: "Como você acha que esta grávida, você toma pílulas anticoncepcionais". E ela sorrindo sem graça disse: "Eu esqueci de tomar".
O rapaz só tirou as dúvidas quando um exame de farmácia acusou negativo, mas decidiu leva-la ao médico pra que ele trata-se desse 'esquece-esquece'. O médico receitou um remédio pra ela tomar diariamente que na qual faria com que ela se trata-se do problema do esquecimento.
Meses depois ele foi a casa de Nana e encontrou-a sentada na beira da cama só de calcinha de salto, como sempre fazia, com o roupão vermelho nas mãos e cabisbaixa me dizendo que achava que estava grávida, que esqueceu de tomar o anticoncpecional. que sua menstruação atrasou e assim por diante.
"Esqueceu de tomar o anticoncepcional? Mas você já não toma a pílula que o médico receitou pra que  você não esqueça dessas coisas importantes?", questionou Jonas a namorada. "Sim , mas esqueci de tomar também"
Indignado com a situação o moço chamou a atenção de sua parceira fazendo-a chorar. Ela chorava e o moço um tanto arrependido lhe deu um abraço e pediu:

__ Me perdoa e esqueça do que eu disse.
__ Perdoar eu perdoou, mas esquecer não consigo amor.

Nana era assim mesmo, se esquecia de tudo mas o que era pra esquecer ela não esquecia.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Thaisa ao lado da verdade

Thaisa é a filha carente de um casal  desajustado, desiquilibrada, frustada e imcompreendida principalmente pela mãe também desiquilibrada. Mas em meio tantas infelicidades pessoaisThaisa por sua sorte encontrou a verdade deixando sua mãe perplexa. Ninguém gostou do que viu, porém a verdade incomoda, a verdade berra, é expontânea e sempre surge nos momentos que na qual não esperamos. Toda vez que Thaisa se deprime ela procura a verdade, somente a verdade, pois só ela a consola nesses momentos mais tristes. Ao lado da verdade Thaisa buscará sua essência. A verdade por sua vez caminha ao lado de Thaisa depois que a sua dona a trouxe pra casa se tornando carne e unha. Os demais reclamam quando ouvem a verdade e pede pra que a mesma se distancie. Vocês sabem né? Quem não gosta da verdade se incomoda com ela. É comum usarmos a criatividade pra dar nomes a coisas, bichos de pelúcia, carros, objetos pessoais e principalmente animais. Nomes de artistas, nomes homenageando algum ente querido que se foi, nome composto, nome simples, nomes estranhos, nomes de personagens de filmes ficticios, de desenhos animados e outros.

Em animais os nomes mais comuns são Bob, Sheik, Totó, Susy, Lulu, Rex,  mas o porque do nome VERDADE a cabra eu não sei, só sei que o animal é o representativo de um somatório de problemas que a personagem de Fernada Souza carrega na novela das sete "Ti ti ti".
A guria tá no meio de um chumbo cruzado entre o pai e a mãe e vê na cabra um símbolo onde tenta dar vazão a toda a sua frustração sendo um prato cheio a psicologia e despertando uma identificação a muitos telespectadores que acompanham a trama e torce por um final feliz da personagem.
Muita gente foge de suas frustações e tristesas buscando atividades do dia-dia como ir fazer compras, frequentar salões de beleza, envaidecer-se, frequentar locais socialmente elevados, beber, pescar, correr de carro nas avenidas ou exibindo suas qualidades recebendo em troca elogios que massageia o próprio ego.
É muito interessante o quanto a novela brinca com o nome verdade da cabra a escultura intitulada a "expressão verdade".
Apoio totalmente a criação de animais domésticos desde que sejam tratados como devem ser tratados, com alimentação adequada, banhos, lugar pra dormir, mas há outras formas de aliviar a dor da alma sem se apoiar em outro ser, cabe a você ser forte e procurar dentro de sí mesmo.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Por onde anda Eliéser?

  
Mil novecentos e alguma coisa, faz tempo mas ainda me lembro da sala toda inquieta fazendo guerrinha de bolinhas de papel ou caminhando pela sala e rindo de um apelido qualquer a espera da professora entrar na sala, uma vez que soou o sinal para a troca de professores. Nisso não entrou a professora e sim um homem de cabelo grisalho vestindo uma camiseta lisa sem estampa e preta, calça jeans, um blazer cinza escuro e nos mandando sentar-nos e calarmos. Ainda me lembro que a maioria se perguntou:"Quem era?". Antes de pergunta-lo o homem disse: 'Serei o professor que substituirá a Cida de Matemática nessa semana".
O todo elegante professor que a príncipio assustou a sala toda, logo quebrou o gelo com seu descontraído jeito de dar aulas, caminhando entre os corredores de carteiras onde tinhamos que acompanha-lo girando o corpo pra assistir as aulas, falando alto, gesticulando. o nome dele era Eliéser, nunca esqueci.
De fora os demais alunos de outras salas que transitavam pelos corredores da escola ouvia-nos rir enquanto assistiamos a aula do tal professor.
Descobria alí um incentivo pra aprender a temida aula que até então era chata, devido a maneira moderna de dar aula do professor, aula tipo universitária, que hoje já tem se tornado comum em algumas escolas, mas não todas, que o amor por ele em ensinar nos ensinava a ter gosto pela mesma. A galera aprendeu em uma semana o que não tinham aprendido em um ano. O Pisa avalia estudantes de 15 anos completos em todos os países membros da OCDE e essa avaliação registrou a terceira maior evolução do Brasil nas médias de 65 nações e conseguiu superar a barreira dos 400 pontos em leitura e ciências, mas ficou abaixo desse patamar em matemática. O resultado, no entanto, ainda está longe de ser positivo. Nas três áreas, pelo menos a metade dos jovens brasileiros não consegue passar do nível mais básico de compreensão.
Tem quem diz que isso é o retrato da falta de interesse dos alunos nos estudos e do desinteresse dos professores em dar aula. Aluno sempre foi desinteressado e vai adquirindo esse interesse conforme vai amadurecendo e compreendendo a importância dos estudos e o professor tem uma grande importância em despertar o desejo por aprender. Mas que professor da rede pública tem interessece em dar aulas com o pouco salário que ganha? E sendo assim como despertará o gosto pelos estudos dos alunos? Por onde anda
Eliéser?





sábado, 4 de dezembro de 2010

Tome juizo menino!

!Meio com sono ele ergue a cabeça e põe os pés no chão meio doido de raiva com o despertador se decidindo acordar. Meio relaxado joga a colcha no chão de qualquer jeito e caminha-se meio arrastando os pés se queixando estar meio com fome. Meio fedido toma um banho e escova os dentes meio despreocupado com a hora. "Acelera moleque, já é meio dia", grita a mãe da cozinha, "Ah" Mãe, to meio cansado", responde ele do banheiro. "Cansado como? sendo que você acordou agora". Veste ele uma roupa meio amassada e pega um metrô meio lotado de ida pra escola. "Tome juízo menino", grita a mãe se despedindo, "aonde eu compro isso pra tomar mãe?".Mas como é estar meio cansado? Talvez é estar cansado de um lado só do corpo. Por exemplo: uma costureira meio cansada deitaria de lado, descansando o lado cansado no sofá encostado á maquina de costura e com o outro braço não cansado ela costuraria a roupa. E estar meio com fome? como é? Creio que uma pessoa que acorda meio com fome no café da manhã cortará meio pão, colocará meia fatia de mussarela, meia fatia de presunto, encherá o copo de leite até a metade do copo e mastigará o pão com mussarela e presunto só de um lado da boca, tomando o leite com o copo encostado no mesmo lado em que mastigou o sanduiche.Imagina se levassemos tudo ao pé da letra, como interpretariamos as frases ditas ou escritas num diálogo figurativo e metafórico?
"Hoje eu tenho uma missão de alto padrão". Ao pé da letra entenderiamos que este indíviduo iria participar de uma missa católica com horas e horas de duração regida por um padre muito alto.
"Abri o jornal e li uma notícia chocante". Será um jornal elétrico com o fio descascado? Plugado direto na tomada? Coitado, esse toda vez que abre o jornal toma um choque de alta voltagem. Um regime militar seria uma dieta imposta do coronel aos soldados na guerra, armarinho seria o ar proveniente do mar e ministério seria um aparelho de som bem pequeno.
Sendo assim, você que é uma pessoa feliz e de bem com a vida ao dirigir na rodovia e se deparar com uma placa escrita: “Cuidado, depressão na pista”, desvie mesmo sabendo que sua força é maior que qualquer zona depressiva.
Mas todos sabemos que são palavras com sentido ambíguo e que a frase muda se interpretarmos uma mesma palavra da mesma frase com o outro sentido, é só brincar com a nossa imaginação.
Catando milhos (eu que não sou galinha) estou ‘meio’ que finalizando esse texto, um bom dia a todos.

Obs: Juizo não se toma, se adquire.