supercrônico

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crônicas, contos e poesias

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Pequenos grandes homens

Foi por acaso, enquanto Branca de Neve fugia de um caçador, contratado pela Rainha má, que invejava sua beleza, que a moça, refugiou numa pequena casa na floresta. A casa mesmo cheia de 7 anões, cada um com uma personalidade, distinta uma da outra, mas unidos, pra surpresa da moça, abrigou-a com segurança, em troca de manter a casa que a abrigou limpa. A moça aceitou.
Á partir dalí em diante, não só a moça como o mundo todo aceitou a existência dos anões sem preconceito, que antes tinham complexos de inferioridade e por isso, enfrentavam problemas em estabelecer relacionamentos amorosos, mas atualmente, tem conquistado lugares de sucesso não só nas histórias infantis, como também em empregos, faculdades, esportes e na arte em geral.
Nanismo
é a condição de tamanho de um indivíduo, cuja altura é muito menor que a média de todos os sujeitos que pertencem à mesma população. Admite-se que se pode chamar de nanismo quando o tamanho de um indivíduo tem uma estatura até 20% inferior à média dos mesmos indivíduos de sua espécie, à mesma idade. Na espécie humana, em termos de adultos, considera-se anão o homem que mede menos de 1,45 metro, e anã, a mulher com altura inferior a 1,40 metro. Mas eles são bem maiores do que isso, cheio de talentos e despontando nos programa de TV brasileira, a ponto de nos fazer passar despercebido a sua condição física de anão. Por exemplo, nos programas de humor como o "Pânico na TV" (Rede TV), "Legendários" (Record) e o programa de auditório, "O melhor do Brasil" (Record), tem em seus elencos anões, sem vergonha da sua pequena altura, que roubam a cena toda vez que aparece. Fora o cantor Nelson Ned que despertou corações na década de 70, embalando canções românticas, os atores americanos Verne Troyer, protagonista do filme "Austin Power e o Homem do Membro de Ouro", Tony Cox que atuou em "Papai Noel às Avessas" e outros. Até na indústria pornô, tem anões e anãs no elenco, pra quem tem fetiche por filmes com esse tipo de atores.
Curioso é uma cidade do interior de Sergipe e a 120km de distância da Capital Aracaju, de nome  Itabaianinha, com cerca de um pouco mais de 32 mil habitantes e tem um anão pra cada 300 habitantes.  Descoberta, virou tema de um documentário chamado "Terra de Gigantes", da jornalista Ana Paula Teixeira, que mostra alguns personagens anões da cidade, com seus talentos, histórias de vida e muitos sonhos. Tem até um time do Belém - PA, chamado "Gigantes do Norte", formado apenas por anões, que disputam campeonatos, disputando com outros times também de anões do Brasil.
 Esses pequeninos e pequeninas, me fez sem querer perceber a invasão destes de uns tempo pra cá, na arte em geral do mundo todo, unindo pessoas pelo talento, independente da diferença de tamanho, quebrando preconceitos social e de quem tem essa condição, dando o ponta-pé inicial, de uma personalidade que se eternizará diante de nossos olhos. Quem sabe alguém crie uma agência de caça-talentos, voltado para artistas anões.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Qualquer um pode ser anjo

Talento pode significar uma vocação ou um dom para alguma atividade ; assim, afirma-se que tal pessoa tem talento para a música, ou pro cinema, ou talento culinário, ou talento para lidar com crianças, ou pra lidar com idosos, talento pra falar em público, talento pra interpretar, pra pintar, desenhar, vender, construir, pra dropar em ondas imensas, no Hawaí ou descobrir paisagens naturais jamais vistas, do nosso país.
Talvez o meu Dom seja esse de fazer você ler as crônicas que escrevo mas tem gente que tem o curioso Dom de ser anjo.
Anjo nada mais é do que uma criatura celestial, acreditada como sendo superior aos homens, que serve como ajudante ou mensageiro de Deus, segundo a tradição judaico-cristã; mas naquela tarde de quarta-feira o mensageiro enviado por não sei quem foi uma velhinha que sentara ao banco de um ponto de ônibus próximo a um grande hospital público numa movimentada avenida do centro da cidade, que após me ver atravessar a rua diante de carros velozes que quase me atropelara me disse: "Perca um minuto da sua vida mas não perca a vida em um minuto".
Mal agradeci a velha e continuei o meu trajeto remoendo no meu cérebro a aquela frase.
Na iconografia comum, os anjos geralmente têm asas de pássaro e uma auréla. São donos de uma beleza delicada e de um forte brilho, e por vezes são representados como uma criança, por terem inocência e virtude. Mas aquela era uma anja velha, feia, cheia de rugas, com os cabelos grizalhos, um vestido florido até o tornozelo, com uma faixa de gase enrolada no mesmo pra disfarçar as feridas, encurvada se apoiando em uma bengala, sem asas, sem brilho e longe de ser uma criança, mas que foi o meu anjo do dia.
Nisso passei a notar esse Dom de ser anjo em várias pessoas; quanto mais velho mais talentoso é o anjo.
Até os monstros sociais que se alimentam da ganância, de bens materiais, da inveja e outros também tem o seu momento angelical.
Toda mãe se torna uma anja natural á partir do momento em que pari seu primeiro filho, é automático, guardíã da vida cujo terá que acompanha-lo até ganhar asas e voar sozinho. Logo nos primeiros passos a mamãe diz: "primeiro aprenda a caminhar pra depois correr", e quando cresce e entra naquela fase que na qual deixa a adolescencia pra virar adulto, a mesma mãe guardiã ja adaptada aos fatos atuais, aconselha-o como sempre tem aconselhado:"Use sempre camisinha, não use drogas, olhe bem com quem tu andas". É como se encostassemos o ouvido no peito dela e escutasse essas frases todas vindo la de dentro.
Certa vez, diante de uma moça que chorava a soma de tragédias passadas de sua vidas, fora a dor da solidão e algumas doenças que lhe aflige, me aproximei e disse: "vire a página e escreva você mesmo o final feliz do seu livro vital". Poxa, saiu sem querer, quando vi já tinha falado, não sei se ela entendeu, não sei se soou bonito, só sei que saiu como um disparo acidental do coração e era o máximo que eu podia fazer até então, embora eu não sou médico, nem psicólogo, nem nada.
Ela me sorriu e disse retribuindo  com um beijo no meu rosto:"você é um anjo". A príncipio encarei como um elogio, uma vez que ela era bonita e doce, mas depois pensei: " No caso, hoje o anjo sou eu", ria comigo mesmo e os pensamentos prosseguiram: "Qualquer um pode ser anjo". Tanto pobre quanto rico, gordo, feio, velho, jovem, vistoso, mal trapilho ou bem vestido, embriagado ou sóbrio, perambulando pelas ruas ou no sofá deitado assistindo Tv, na feira, na escola, no trabalho, na fila do banco, na praça, ou seja, todo mundo é anjo de alguém, é um dom natural até dos demônios.

Texto escrito no dia 25 de Dezembro de 2010 e reeditado dia 13/11/11

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O invasor

O invasor surgiu quando nos acordava de madrugada andando pelo telhado, aparentando ser um garoto pesado de alturas medianas, um leviano de bermuda e boné, um gatuno que invade as casas na calada da noite preta, e dorme entre o telhado velho de cerâmica e o forro de sarrafo.
Pula do alto do telhado em parafuso até cair em pé no chão, rouba a carne à temperar da pia e sai correndo de volta, levando cintadas no lombo pra cima do telhado e, sem temer, espreita por várias vezes, pra descer denovo e roubar a mistura da família, cujo teve a casa invadida. Ele nos olha de cima, como se dissesse "o telhado é meu, nãoa dianta... Hahahahahaha!!!".
Com o tempo ele perdeu o medo, enfrentando o crime de frente, sem medo de levar outras cintadas na região lombar, rasteiro, entre as pernas cansadas de quem varre os pelos que cai do seu corpo, pra cometer mais um furto e dessa vez correr pro quintal mesmo, pra depois deitar de barriga cheia e nos olhar, se lambendo, como se dissesse: "o quintal também é meu". Oras bolas, aquela criatura sapeca nos vencia aos poucos pelo cansaço, enquanto bolavamos um plano para pega-lo e despejá-lo, entregando-o pra alguma organização que cuide do caso em especial, sem machucá-lo.
O meliante se tornou de presença comum, como as árvores do quintal, como os carros que transitam na rua diante do portão fechado, tanto que ao ouvir seus passos pesados no telhado, a dona da casa gritava e pedia pra esperar passar o almoço, pra jogar lá em cima o que sobrava, e o gatuno obedecia. Ás vezes descia e esperava na porta do lado de fora, e depois que comia deitava esparramado no chão frio, com olhar de preguiça que dizia: "A sala também é minha, tá tudo dominado".
Certa vez, depois de muito tempo, o homem que a perseguia com um cinto em punho, levantou uma bandeira branca enrolada num cabo de vassoura e pediu  paz, e a mulher que varria cansado os pelos que caiam do corpo do infrator disse: "O invasor é fêmea, e vamos chama-la de Nina" .
O invasor dominou territórios e conquistou todo mundo.