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crônicas, contos e poesias

sábado, 29 de outubro de 2011

O triste fim dos moicanos

Originalmente o movimento punk surgiu em meados dos anos 70 como uma manifestação cultural juvenil,  sustentando valores como anti-machismo, anti-homofobia, anti-facismo, anti-racismo, amor livre, anti-lideranças, liberdade individual, liberdade para acreditar ou não em um deus ou religião qualquer, com o príncipio de autonomia do faça você mesmo, numa aparência agressiva e sarcástica.  Entre os elementos culturais do movimento punk estão: o estilo musical, a moda, o design, o senso crítico político, social e moral, expressões linguísticas, símbolos, códigos de comunicação e um corte de cabelo arquitetonicamente armado com gel ou água e sabão de coco.
 Este corte de cabelo tem envolvimento direto com os indios moicanos que preferiam morrer a deixar serem controlados pelos homens brancos, que chegaram a seus territórios; por isso, os punks usavam este tipo de corte para simbolizar a sua luta contra o sistema de governo, que quer impor todo tipo de controle à liberdade do povo, "é preferivel morrer do que viver como um fantoche"
Os tipos de moicanos mais comuns eram o leque (em forma de crista) e o spike (tipo espinhos).
Bastava olhar um jovem de moicano pelas ruas da cidade para a sociedade interpreta-lo como um rebelde sem causa, que oras manifestara contra alguma indignação pessoal, mas os moicanos cairam junto ao movimento, que veio perdendo as forças ao longo do tempo.
Caíram da cabeça e foram parar aonde poucos podiam ver, tocar, a não ser folheando as páginas de uma revista erótica dos anos 80, aquelas que alguns mecânicos insiste em guardar numa caixa, no quartinho dos fundos.
Me lembro quando era garoto, eu e alguns amigos viviamos achando sem querer, revistas abandonadas na linha do trem, aonde folheavamos, víamos e reparavamos numa "Ele e Ela" ou "Playboy" qualquer, os cortes dos pelos pubianos da modelo que naquela revista abandonada posava. Lídia Brondi usava, Luiza Brunet usava, Luciana Vendramini, Tássia Camargo também, além de Luma de Oliveira, Lucélia Santos e outras que não me lembro mais, que adotavam o corte moicano nos pentelhos além do corte "pizza", "bigodinho do Hitler" ou "Black Power". Digo aqueles que apareciam, devido a censura da época, hoje algumas modelos e atrizes posam em fotos quase ginecológicas e aderem o corte Ronaldo fenômeno da copa de 2002.
Mas depois de passar pelos desejos mais secretos dos garotos, o moicano volta pra cabeça dos mesmos, mas nos garotos dos dias de hoje, estimulado por craques do futebol, que se deu início ao jogador inglês  David Beckham e se tornando moda através do jogador Neymar.
Toda vez que eu cogitava em cortar meu cabelo moicano, minha mãe quase enfartava e dizia que se eu aparecesse com um corte desse na cabeça, era só fazer as malas e voltar pra rua denovo. A imagem do moicano era relacionado a marginalidade, mas hoje crianças de qualquer idade usam o corte, cujo aonde alguns pais até levam o filho no salão de cabelereiro.
Ou seja, é moda, é algo que perdeu a graça, sem uma ideologia ou propósito, a não ser a de ser igual ao meu "amiguinho" da escola.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O semáforo empregatista

Qualquer pessoa, adulto, criança ou individuo fora da sua sanidade mental, destingue muito bem os valores de cada cor de um semáforo, mas a cor que causa mais paúra no motorista é a vermelha, a primeira das três, que o faz parar diante de uma fila de carros engarrafatosos, que buzinam sem paciência, atrasando-o em alguns minutos, pra chegar no lugar que tanto deseja. Mas essa é a opinião de quem só ve o lado negativo da coisa, pois o lado bom é que a parada no semáforo pode ser muito beneficiente a muitos, que além de dar liberdade a outros carros cruzarem a rua sem provocar acidente, pode lhe dar um instante importante pra vc atender um celular, trocar o CD, olhar no espelho, maquiar-se, pentear o cabelo, fazer anotações, cumprimentar um amigo que coincidentemente parou na fila ao lado e gerar empregos.
É um show a parte dos malabares equilibrando garrafas em fogo, que sobem e descem colorindo a noite monótona das avenidas, despertando o encantamento de quem assiste atentamente na grande platéia formada por carros e que por fim retribuem com qualquer moedinha, como se fosse o valor do ingresso do show sem um valor estipulado, aonde o próprio artista recebe diretamente em mãos o cachê, de cada um do público pagante.
Corajosos são os panfleteiros, que além de encarar o sol, enfrentam o perigo das motocicletas que aceleram entre os corredores que formam de carros nas avenidas, fora o destrato de motoristas que se acham superiores por usufruir da comodidade de um carro, mesmo sendo velho, fora de linha, pra distribuir informações comerciais, socias, trechos de orações e outros, impressa num papel cochê ou sulfite, colorido ou em preto e branco, pra no fim do mes receber pelo serviço.
No semáforo tem garotões, que aumentam o som do veículo no último, exibindo o braço forte tatuado para fora da janela à mocinha ao lado, tem gente que xinga esbravejando farpas maucriadas o motorista da frente ou de trás, tem gente que boceja e se distrai a ponto de não perceber que o sinal ficou verde e tem também um enorme comércio ao céu aberto, em um espaço democrático e público, que vai de um pobre garoto vendendo drops,  a um vendedor de água de coco, de doces, acessórios para carros, adesivos, ou flanelinhas, gazeteiros e etc, dividindo sonhos e esperanças.  Sem deixar de citar as crianças carentes que pedem descalças no asfalto quente esmolas, que é um caso a ser falado em outra postagem.
Defendo o trabalhador autônomo, que humildemnte usa do espaço público, sem desrespeitá-lo pra trabalhar, mas sei que em cidades grandes o interessante é ficar atento, depois das 10 da noite devido ao alto índice de furtos e roubos, e sabendo disso, muitos motoristas se incomodam quando um trabalhador lhe aborda oferecendo seus serviços, mas, incomodo maior é ver gente na rua, enfrentando filas e filas pra dar uma entrevista pra uma vaga de emprego, dispostas a encarar qualquer coisa pra sustentar a família, sujeito a voltar pra casa e ter que enfrentar por várias vezes a mesma coisa durante a semana, até se sentir empregado e enobrecido, sem futuras dores de cabeça. Mas não podemos generalizar, pois qualquer emprego honesto é digno, necessário e cabe a nós todos respeitarmos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Aniversário do Super Crônico


No mês de Outubro o blog criado com o objetivo de divulgar crônicas do escritor Vagner Zaffani e o nome de SUPER CRÔNICO completou 1 ano de existência com mais de 16.000 acessos, vários comentários, 145 posts e leitores assíduos, que acompanham e admiram os textos nele escrito.

OBRIGADO

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nova geração de pais e filhos

Eis uma nova geração de pais e mães antenados nas notícias do mundo e nas mudanças diárias dos próprios filhos, de ensino médio ou superior completo, com perfís nas redes sociais, compartilhando idéias ou trocando músicas via bluetooth com os amigos.
Pais de mente aberta que ouve os filhos a perguntar sobre sexo, paquera, futuro, que caminham de roupas íntimas dentro de casa sem perder o respeito.
É uma nova geração de pai que tatua o nome do filho na lateral do anti-braço, em letras góticas ou de convite de casamento, já as mães preferem tatuar um singelo anjo nas costas, com o nome das crias embaixo, e ambos permitem que os filhos tenham sua liberdade de identidade, tendo também tatuagens (depois dos 18 anos), brincos, pierces, cabelos coloridos, orientando-os sobre o que é bom e ruim para vida toda.
São pais jovens, mesmo tendo a idade avançada, que não aceitam educar seus filhos com a mesma educação arcaica e rígida que seus pais lhe deram, provando como é ser pai, ser mãe, com carinho e respeito.
Uma geração de filhas que convidam as mães pra ir pra balada, barzinho, cinema, pois a mãe além de ser mãe, fala a mesma língua da filha e das amigas. Filhos que vai ao shopping com o pai, ensina a jogar guitar hero levam o pai pro 'racha' e com todo orgulho do mundo grita: "Toca a bola pai, toca..."
Geração de mães que trabalham, que ralam, que educam e que vaidosas se cuidam, sem deixar de ser uma ótima mãe. Geração de pais e mães casados, mas alguns separados, solteiros, viúvos, casados com outro do mesmo sexo e vice-verso. De filhos que tem dois pais, duas mães ou cujo a mãe agora é a vó. Lamento pelas mães que abandonam filhos em caçambas de entulho ou no lago da Pampulha. Lamento pelos pais que são apenas pais biológicos e passam a vida ausente dos filhos.
Uma nova safra de pais e mães que incetivam o filho ou a filha à arte e diz: "tocar guitarra é tão promissor quanto ser engenheiro cívil, só depende de você meu filho", e além de tudo tem orgulho do talento do jovem.
Uma geração de pais que permitem ser chamado de "você" ao invés de "senhor", pois ser "senhor" é ser velho, e o pai moderno quer ser tão jovem quanto ao filho, uma vez que pra ele ser chamado de "você" não é falta de respeito.
Uma geração nova que veio pra ficar, que não participei sendo filho, mas que participarei sendo pai, pra ser feliz também.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Dias de calor eterno

São dias de acordar no meio da noite, com o lençol que se arrasta pelos corredores da casa até o banheiro, capturando partículas de poeira pelo chão, grudado nas costas suadas e tomar um banho gelado, depois voltar a cama e ficar no liga e desliga do ventilador, que oras refresca e oras esfria demais. São dias de arrancar a roupa toda, escancarar as janelas e tomar outro banho assim que se levantar pela manhã. Dias de perder a fome, de sentir fadiga, de ir ao clube, píscina, usar boné, chapéu, sombrinha, de virar jarros d´água, tomar refrigerante, caldo de cana, água de coco, suco natural ou cerveja. Dias de tomar banho de mangueira no quintal, de regar as plantas em abundância, dar banho no cachorro da família, lavar o tapete, o carro, chupar picolé de frutas, andar descalço e deitar no chão gelado da sala enquanto assite TV. Pobre são dos cães e gatos, que respiram arduamente com a língua de fora, dentro daquela armadura natural de pêlos.
Dias seco e sem chuva, e quando chove a gente sai de encontro a ela, feito Fred Asteur. Época em que os pernilongos atacam em massa, sugando nosso sangue aquecido pelos dias quentes.
Dias que bruscamente muda a temperatura, sem aquela escala de vai de grau em grau pro corpo acostumar-se, já que até então o tempo oscilava entre o calor e o frio.
São dias de calor intenso em plena primavera, aonde o sol lambe seu rosto e aonde é comum ver senhoras sentadas nas varandas, falando de novela, sentadas naquelas cadeiras artesanais de cordinha e ouvir das pessoas enquanto você espera o ônibus da linha Mini Distrito - Cristo Rei dizer: "Mas tá calor hein amigo!"
Eu tinha um amigo professor de Química, que me repreendia toda vez que eu dizia; "Tá calor hein", me dizendo que o calor é a nomenclatura atribuída à energia térmica sendo transferida de um sistema a outro, exclusivamente em virtude da diferença de temperaturas entre eles e que o correto seria dizer: "Esta quente, insuportável", porém o calor existe até nos polo sul e norte.
Calor eu passei quando dormi na casa de Mimí certa vez. É que ela tem um ventilador antigo que você põe na tomada, liga na velocidade 3 e tem que esperar esquentar pra poder ligar, e assim que ele cheirar queimado, você gira as hélices dele com a mão, e ele funcionará até parar denovo e você voltar a girar as hélices, nem os Flinstones usufruia de uma tecnologia dessa, mas era o que nos refrescava enquanto dormíamos.
Moro desde que nascí em São José do Rio Preto-SP, considerada a capital do calor no interior Paulista e noto o quanto as pessoas que vem de fora sofrem com a temperatura da cidade.
São dias em que o sol cospe fogo com raiva e sem dó, de raspar a cabeça, a barba, de se lambuzar de filtro solar, de se bronzear sem querer, de mudar o tom da pele.
Já percebeu que os dias parecem ficar mais longos nos dias de calor intenso, são como se fossem eternos, e você faz a contagem regressiva pra chegar o fim do dia e tomar aquele banho, calçar o chinelo de dedo e deitar no sofá da sala de casa e sem camisa.
São dias de calor eterno

terça-feira, 4 de outubro de 2011

É o rock matando o rock

O Rock n Roll surgiu nos subúrbios dos Estados Unidos no final entre os anos 40 e 50 e rapidamente se espalhou para o resto do mundo. No começo o novo subgênero do rock, sofreu várias críticas negativas e algumas positivas, mas sempre atrapalhando seus trabalhos. Muitos diziam que o novo rock, incentivava o satanismo.  
"Todas estas influências combinadas em uma simples estrutura musical baseada no blues que era"rápida,dançável e pegajosa" 

E assim, resumidamente, definiram o rock que surgiu com Elvis Presley, Chuck Berris e outros. O rock sempre foi um motivo a se discutir, que vai desde a definição de estilo de tal cantor ou banda, ideologia, estilo de se vestir, à questionar se o indivíduo que toca se dizendo que é rock, é verdadeiro ou não, de pessoas que observam de fora sem entender o gênero, ou de pessoas que pertence a ideologia musical. Sempre foi assim e sempre será.
E nesse periodo de lá pra cá, outras influências foram agregadas ao rock, dando a ele novos estilos, novas tribos e novas maneiras de pensar, ramificando-o com novos nomes, sem deixar de ser rock. Mas muitos, aqueles mais conservadores do gênero, não dão o braço a torcer e prefere pertencer ao rock antigo, como se tivesse congelado no tempo, afirmando que o rock n roll morreu ou adoeceu, como diz meu amigo Hugo Pezatti. Morreu ou colocaram uma pedra em cima? Fazendo que o memso não se desenvolvesse, decretando que o rock só é rock até tal período, e o que vier depois não será considerado.
Sei que as mídias televisivas tem lançado bandas novas sem propósito e sem atitude, que prezam mas pela aparência do que pela musicalidade, mas ninguém pode resumir dizendo que tudo que é novo é igual a essas bandas. Isso é matar o rock, e o rock só morre porque o próprio roqueiro mata, extermina, pisa sem dó em seu corpo estendido no chão dos tempos modernos.
Certa vez parabenizei num post de uma adolescente na rede social, o sucesso de uma banda toda colorida e longe da imagem tradicional do estilo. Apesar de não gostar, sei que o sucesso da banda é oriúnda de muito esforço e da ajuda dos fãs, que ao ouvir e gostar, lançaram-os no mercado, compartilhando links com músicas e vídeos da banda na internet, chamando a atenção de produtores e da indústria fonográfica. O mais curioso, é que muitos que afirmam que o rock morreu e que tudo que é novo não presta, ainda tocam e lutam por um lugar ao sol, ou seja, se daqui a 10 anos a banda deste estoura no mercado musical, será uma banda nova, mesmo tendo influências de bandas antigas. Então no caso, será que podemos afirmar que a banda desse cidadão não é boa por ser nova?
Sabemos que ainda tem muita banda interessante tocando no circuito independente, com ótimas propostas de musica e letra, que investem firme em gravações e divulgações, mas muitos nadam e morrem na maré com o tempo, se vendo vencido pelo cansaço e o sucesso não alcançado; é triste ver aquele seu amigo guitarrista, ótimo guitarrista por sinal, trabalhando no balcão de uma pastelaria ou entregando marmitex, dizendo: "Desisti da música amigo". Não desfavorecendo essas profissões, mas é um desperdício de talento. 
Mas enfim, se todos que criticam as bandas novas sem propósito do mercado atual, juntar e fazer com que as bandas independentes de qualidade apareçam, através de exibições nos sites de vídeo e áudio, não iremos mais ver fósseis de músicos na areia da praia.
Basta tirar a faca que mata aos poucos o bom e velho rock n roll