supercrônico

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crônicas, contos e poesias

sábado, 17 de novembro de 2012

Pelos pêlos



Os pêlos humanos me deixam um tanto pasmo, digo pois se você pegar qualquer um de qualquer parte do corpo e medir, você verá que ele tem um tamanho e se você medi-lo novamente daqui um mês ou depois ele continuará com o mesmo tamanho caso você não corte-o, ou seja, ele fica no mesmo lugar e com a mesma medida, mas se você cortá-lo logo ele crescerá e voltará ao mesmo tamanho, parece bobo, mas eu particularmente acho isso muito curioso, é como se fosse uma árvore que crescesse até um certo tamanho permanecendo assim por anos e toda vez que você cortá-la ao invés de ficar pequena e no tamanho do corte, ela crescerá e voltará ao mesmo tamanho de antes, nem mais, nem menos.
 Pêlos estes que são curtos, que são longos, que são descoloridos, que são raspados, que crescem tipo Tony Ramos ou no "Caminho da felicidade", que quase não tem utilidade, porém nasce em lugares inusitados tipo: axilas, orelhas, nariz, nádegas, região pubiana e até no... deixa pra lá, mas registram tais sensações como o medo, vergonha e excitação quando se arrepiam.
Mas não me esqueço quando trabalhava de balconista em uma rede de fast food e um senhor encostou no balcão e me fez um pedido, perguntei umas 2 ou 3 vezes o que ele queria por não entender e ele me respondia pacientemente toda vez que eu a perguntava.
É que eu não conseguia prestar atenção no que ele falava, pois os pêlos do nariz dele me chamava mais atenção do que qualquer outra coisa no momento. Nunca fui de reparar nessas coisas mas aquele dia foi inevitável, era uma força maior que eu e incontrolável.
Eles saiám grizalhos pra fora como pontas de pincéis em cada narina, abrindo e fechando como um balé cinzento toda vez que ele respirava pingando ranho úmido, e outros pêlos surgiam do lado de fora do nariz seguindo a linha externa da cartilagem e emendando  com os que saiam das cavidades nasais, como uma obra de arte abstrata e contemporânea. Me deu vontade de perguntá-lo o porque não cortava aquele estranho cultivo, talvez ele me responderia que era por falta de tempo, ou por falta de disposição, ou porque sentia dor ao podá-los, ou por amor a eles, ou revolta por ter sido deixado por um grande amor do passado, ou por ser um manifesto artístico ou político, ou por querer chamar atenção uma vez que era um homem carente, ou por ser uma nova tendência de moda que até então eu não conhecia. Enfim, os motivos eram muitos.
A língua e o céu da boca coçou parar perguntá-lo e assim matar minha curiosidade e quando abri a boca eu disse: "Logo seu lanche ficará pronto, pode aguardar em uma das mesas".

domingo, 11 de novembro de 2012

De volta ao passado recente



Uma das coisas que eu mais gosto é de dormir depois de um bom almoço, principalmente nos dias de domingo enquanto cai aquela chuva fina lá fora fazendo o dia ficar mais frio, e só acordar pra então assistir o jogo do meu time de coração, ruim é quando se dorme demais e ao chegar noite, quando for a hora de dormir mesmo e a gente perde o sono, e foi num dia desse em que liguei o PC na espera do mesmo, "pra enfim cair nos braços de Morfeu" que acessei a internet e a minha rede social, que reencontrei um amigo de infância que também se queixava por estar sem sono.
Durante a conversa, ríamos da época em que morávamos na mesma rua, dos apelidos constrangedores, das primeiras tentativas de se conquistar uma garota, das paixões não correspondidas, das brincadeiras, de soltar pipa, jogar "betcha", biroca, futebol na rua, cujo o gol era um par de chinelos.
Também lembramos de quando apertávamos a campainha dos vizinhos e saiamos correndo, das vidraças que quebrávamos  das brigas desnecessárias e da febre dos mobileteiros que circulavam em massa nas avenidas da cidade. Naquela época não existia internet, celular e toda essa parafernália que a tecnologia nos oferece e nos divertíamos ao nosso modo, ao contrário das crianças de hoje em dia que são dependentes disso tudo.
 O papo que se prolongou por horas da madrugada mas o sono não vinha, me remetendo a um passado que parece recente e que ao avaliar já faz muito tempo, estando ele fresco nas nossas memórias dando a sensação de tudo aquilo ter acontecido a pouco tempo.
No meio da conversa ele me perguntou o que eu mudaria na minha vida caso eu tivesse a oportunidade de voltar naquele tempo, pensei comigo e sem responde-lo disse a mim mesmo que eu, nesse caso, reclamaria menos daquela vida sem compromisso, de acordar tarde, só brincando, estudando e sem contas para pagar, pois eramos felizes e não sabia. Reclamaria menos da escola e daria mais atenção a essa, nos professores e nas aulas chatas de matemática, porém, mais chato que as aulas de matemática é saber que na vida adulta dela e de outras ciências a gente não aprendeu nada e por isso nos faz falta em tais situações da vida contemporânea.
Daria também mais valor a família e aos bons amigos que não vejo mais, que na qual sinto saudades e torço pra que eu cruze com um desses pelas ruas, pra dar um abraço, falando um para o outro como esta a vida atual de cada.
Mas pensei... Pensei... E dei a ele uma resposta diferente, dizendo que "evitaria situações que me coloca na posição que na qual me encontro", de um passado esse bem recente.
Não sei se ele entendeu, mas o papo se prolongou por mais umas horas e nos despedimos assim que o sono chegou.