Meu relax diário durava o tempo que eu gastava entre o levantar da cama e o início do trabalho, durante o despir do pijama, durante o banho quente matinal, durante o café e o pão na chapa, do escovar dos dentes e etc, porém, depois disso, era só levar ferro, no sentido literal da palavra. Digo pois descarregava toneladas dessa matéria-prima que vinham em caminhões, que vinham de longe, de outras cidades ou da mesma, durante todo o expediente, guardando-os em armações separadas por tamanho e formas, também de ferro, soldado e chumbado. Tanto descarregava, quanto carregava nos veículos de clientes que solicitavam tipos diferentes desse material, ou seja, desse elemento químico de número atômico 26, que é extraído da natureza em forma de minério de ferro e assim por diante.
Eram metalons, chapas, lambrils, cantoneiras, barras, tubos cilindricos, ou cúbicos, ou retangulares, tanto oco quanto em ferro maciço, sólidos, rígidos, pesados, galvanizados ou não, que vinham lambuzados de uma graxa que por fim me lambuzava também ao encostar.
Tinha também um tal de ferro chato, que só não era chato devido a sua forma de tira, achatada, como também era chato pra carregar, manipular, pois ele se desdobrava dificultando o transporte, que por sí só era manual, totalmente braçal pra ser mais claro, ouvindo pessoas e pessoas dizendo: "Leve o ferro pra lá pra mim, depois traga-o pra cá" e assim passava o dia levando ferro, pra um lado e outro, desgastando-me fisicamente, mas agradecendo por ter emprego.