supercrônico
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Orgulho de ser suburbano
Na volta pra casa se via o carro de um ambulante anunciando em alto e bom som: "Pamonhas de milho verde, pamonhas de piracicaba", enquanto outro cruzava a mesma rua também anunciando, mas sendo este outro serviço:"Panelas de pressão, consertamos qualquer problema de sua panela", enquanto ele continuava a descer a rua com uma sacola de pão e uma caixinha de leite nas mãos, dando bom dia as senhoras que trocam doce por cima do muro com a vizinha,às senhoras que varrem as calçadas de suas casas para mante-la limpa, as senhoras que só varrem pra saber o que o vizinho esta fazendo, os senhores que leêm jornal na praça e os jovens que trabalham.
Entrou em casa, tirou a chave de dentro do vaso plantado "comigo ninguém pode" numa lata de óleo usada, dessas grandes, abriu a porta empurrando lentamente um elefante de gesso e entrou já sentando na mesa, cortando o pão que trouxe, bebendo o leite que trouxe, mas se levantou pra pegar margarina.
A geladeira tinha imã de cima a embaixo, imã com telefone do entregador de gás, da pizzaria,do moto-táxi, com imagem de santo e também se via capa em tudo, no liquidificador, no galão de água, no boutijão de gás, bordados e com rendas em volta, fora os pequenos caminhos de mesa ou guardanapos embaixo de tudo que era bibelô.
Com a refeição feita, trocou-se, caminhou-se de volta na rua com a mochila e a marmita queimando as costas que logo tomou o ônibus, lotado como sempre de pessoas como ele que mesmo nas dificuldades do dia-dia tem orgulho de ser suburbano
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