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crônicas, contos e poesias

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Era a morte dando a volta (parte II)

Dias depois...

.. Foi com muito capricho de uma essencial dona do lar, que ela passou os uniformes do colégio dos filhos que acordavam tarde e aos poucos, deixando-os pendurados no guarda roupa, de maneira que as crianças visse sem muito esforço pra procurar, atenta ao feijão no fogo baixo, as batatas que fritavam em uma frigideira de teflon quase carbonizada e a torta de carne moída no forno. Fez questão de preparar uma jarra de suco de tangerina, daqueles em pó, que a gente compra na mercearia, pondo uma lata de cerveja pra gelar, pro marido, que assistia deitado no sofá da sala o resultado da ultima rodada do campeonato de futebol, num programa de tv, também atento ao horário de voltar ao trabalho, com a botina 'chulezenta' jogada no meio da sala e brincando com o Bob, o vira-lata de estimação da família Queiroz.
Dona Rosa abaixou mais o fogo e foi atender os chamados de uma vizinha no portão, que dizia que o terço seria na casa dela, e que dona Rosa estava convidada para participar da reza. A vizinha, a mesma que convidara para o terço em sua casa, dizia também que uma viatura do corpo de bombeiros levou a dona Sílvia para o hospital, vomitando, que veio a falecer na madrugada do mesmo dia. "Que dona Sílvia?", perguntou Dona Rosa - "A diarista, que mora virando a esquina, na rua Vital Brasil".

Era a morte dando a volta e o terceiro a falecer em um mês.

Depois desse dia, a familia Queiroz toda migrou de casa em casa, pedindo humildemente hospedagem aos vizinhos vivos que restavam, aonde nesse período, outros dois, de casas anteriores da casa onde a família mora, também vieram a falecer. A morte vinha como uma uma avalanche, que caminhava devagar passando por cima dos moradores de cada casa daquele quarteirão, escolhendo um pra dar volume a mesma avalanche.
Depois de habitarem em três casas do mesmo quarteirão, resolveram hospedar-se na casa de um parente, em outro bairro distante dalí e da morte que os rondavam, mas na mesma cidade por durante um mês mais ou menos.
A avalanche passou mas pulou a casa da família, não sei se pulou por esta vazia, ou  se pulou por não querer nada com eles,  só sei que levou um habitante de uma casa depois da deles. Sendo assim voltaram todos, crendo que a mesma avalanche não andaria para trás, encontrando as folhas secas do outono forrando o quintal, edições de jornais desatualizados, cartas na caixa de correspondências e o Bob em decomposição no jardim.


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2 comentários:

  1. ja q ngm comenta, comentarei eu mesmo... rsss
    Sempre quis fazer um conto cujo fosse dividido em 2 capitulos, e aproveitei esse q era logo pra fazer isso, q fora o teor macabro, retrata com bom humor o dia-dia de uma familia simples, que mora num bairro simples, q faz simples coisas que vão de comprar pamonhas de um vendedor ambulante a ir á reuniões católicas na casa dos vizinhos.

    valeuu

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  2. Nessas situações a gnt sempre pensa que a disgraça realmente pode bater a nossa porta . O ser humano está consciente de que a mostro é companheira do próprio caminhar . Belo texto.

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