supercrônico

supercrônico
crônicas, contos e poesias

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Psicovirtuality

"Os meninos tem um instinto natural de seduzir e depois não se apegar, como se fosse um alimento para o próprio ego masculino e o machismo, como se fosse também uma guerra fria de menino pra menino, disputando territórios demarcando-os com meninas já 'usadas e abusadas' pelo caminho e pelo mesmo, mas não são todos, é a fase que eles passam até a maturidade e encontrar sua cara metade, mas nessa brincadeira de 'seduzir e não se apegar' , eles podem sem querer deixar passar um grande amor, inclusive você." 

Essa foi a melhor resposta que Telma pode dar a uma amiga virtual de 17 anos, frustada por querer namorar e não conseguir dar sequência ao "ficar" com os meninos da mesma idade, que a retribuiu dizendo: "Obrigado Doutora". Telma agradeceu e completou dizendo: "Pense apenas em estudar por enquanto e depois namorar, se eles não te querem e porque não te merece".
Telma não tinha nada de doutora, apenas era uma moça simples, com seus 25 anos de idade, que apenas terminou o ensino médio, mas não se formou em faculdade alguma, com os cabelo engraçado, óculos de armação colorida, aparelho nos dentes, cicatrizes de espinha num rosto oval, sofrido e uma beleza sem graça, sem atrativo, sem amigos a não ser o próprio PC, mal saía de casa e quando saia era do trabalho pro lar e do lar pro trabalho, vestindo preto, batom vermelho, sapato bico fino vermelhos também, que se escondia atrás de um pseudonimo: PSICOVIRTUALITY (nomes típicos de quem usa internet) e uma foto de uma lua cheia luminosa. Ela trabalhava nos comandos de uma caixa registradora de um supermercado, tinha no máximo um certificado de computação básica e, matava seu tempo navegando nas páginas de redes sociais e programas de bate-papo. Muitas vezes, sem querer, ela enviava a resposta de um amigo para outro, confusa com tanta gente que vinha a lhe perguntar sobre duvidas pessoais, sexuais, amorosas, dicas de vestibular, que roupa usar e etc... Amigos e até pessoas que ela nunca viu na vida.
Telma pensava, coçava a cabeça, o queixo e respondia com que lhe dava 'na telha', enquanto teclava e ouvia as canções do Toy e Dolls; se estava certa ou errada nem ela sabia, só tentava ajudar na medida que ela podia: 'Se não posso dar dinheiro ou curar a dor, posso dar um ombro amigo, que é de graça e não dói". E esse era o lema da moça.
Drica a perguntava até quando ela deveria esconder a gravidez dos pais, Júlio questionava o que fazer com a filha adolescente grávida, Paula queria deixar de roer unhas e Vinícius chorava sem dizer nada.
Telma dizia: "Calma, calma...." E prosseguia aconselhando-os com suas sábias dicas de como viver em paz e resolver as dificuldades com paciência.
Certa vez, um garoto lhe chamou atenção, cumprimentou-a dizendo oi e seguiu-se em silêncio, no mínimo,  esse garoto devia estar ocupado lendo e-mails, scraps, teclando com outros amigos ou até sem assunto. Telma estranhou e o retribuiu chamando atenção também,  perguntando depois, se ele não tinha nenhuma dúvida, mágoa, rancor, dificuldade, depressão e etc. Ele respondeu e disse: "Não, estou em paz, graças a Deus".
"Que bom", pensou ela, "já que ele esta bem..."
O que era raro, uma vez que as pessoas só a procuravam pra pedir ajuda. Mas Telma insistiu em conversar com o garoto e perguntou:

"Já que você esta bem, me explique como faço pra me libertar dessas 24 horas on-line"

Pois é meus amigos, um Doutor ás vezes necessito de outro Doutor também.


Nenhum comentário:

Postar um comentário