supercrônico

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crônicas, contos e poesias

domingo, 6 de março de 2011

Vou fugir do tempo

Nossa! Há quanto tempo não desembaraçava meus cabelos crespos com um pente fino, uma vez que os corto de 15 em 15 dias na máquina 1, mas que dessa vez os deixei crescer por relaxo, ou por falta de grana, ou por falta de tempo, sei lá. Só sei que mais tempo do que sem pentear o cabelo, foi o tempo que fiquei sem ver meu queixo diante de um espelho, escondido por uma barba também crespa, por um pouco mais de 5 anos.
Nossa! E quantas coisas acontecem dentro de 5 anos, digo, pois além de ver meu queixo, vejo também marcas que o tempo deixou no rosto sem eu perceber.
Essa semana, os jornais, as TVs, as revistas, nos fazia recordar o sucesso dos Mamonas Assassinas, que vendeu 3 milhões de cópias de um único álbum e, os 15 anos ausente de suas irreverencias. Creio que não foi dificil para essas mídias todas, porém ninguém de nós esquecemos deles, mas já faz 15 anos e parece que foi ontem, que minha mãe me acordou só pra ver o plantão que noticiava a morte destes.
Curioso o quanto o tempo passa sem a gente perceber, a gente só nota quando cruza pela rua, alguém que você conheceu na infância e quando o vê, pra si mesmo você diz:"Poxa! Como tal pessoa mudou", ai a gente corre para o espelho e se pergunta:"Será que eu mudei tanto assim também?".
Certa vez, encontrei com um garoto em uma loja, filho de uma vizinha que se mudou faz tempo, e ao cumprimenta-lo perguntei: "Olá, esta estudando? Pra qual série você foi? quinta? Sexta?", e ele com a voz grossa de homem, me olhou feio e respondeu: "Se liga mano! Já estou cursando o segundo ano de direito". Pois é, tem até barba, dirige e reluz no dedo anelar direito, o dourado de uma aliança de casado, cravado o nome dela, que não sei quem é. Pois é! O tempo passa e caminha na velocidade da modernidade, extindindo as velhas tecnologias, tendências, crenças, culturas, dando lugar a outros e outras.
Aquele que era maior que eu na escola, admirado pelas garotas por sua beleza e força, mais força do que inteligência, hoje passa despercebido, quando caminha pelo shopping enfiando a barriga pra dentro da calça grande, porém justa no seu traseiro gordo a caminho do seu trabalho, cujo é o 'cabeça' e é admirado pela sua inteligência e não pela beleza e, a bela do terceiro ano, que esnobava eu e meus amigos, se tornou a fera e corre atrás de alguém pra se casar. Um menino, do outro lado da rua me gritou:"Tio, tio, chuta a bola", mas como posso ser tio deste se nem sobrinhos eu tenho. Quando era criança, existia vários tipos de tio. O tio do sorvete, o tio do pão, o tio da pipoca, e hoje me chamaram de tio, é mole? Chutei a bola que senti bater em minhas pernas de volta pro menino, que me agradeceu dizendo: "Valeu Tio".
Certamente, vou preparar minha cômoda de mogno vermelho, espalhar fotos da minha família em portas retratos e kits da terceira idade, tais como: talco em pó granado, cueca samba-canção, desodorante aerosol 3 bruts, trim pra pentear os cabelos, se é que terei cabelos e um rádinho a pilha, pra ouvir o coringão na rádio AM, balançando numa rede na varanda.
Eu sei que está longe, mas o tempo é voraz e devora as oportunidades perdidas, dando outras oportunidades, as vezes iguais ou diferentes, correndo em alta velocidade e a gente nem percebe.
A sábia cantora Pitty, nos alerta ao dizer no refrão de uma musica que:

"Não deixe nada pra depois, não deixe o tempo passar,
Não deixe nada pra semana que vem,
Porque semana que vem, pode nem chegar"

Sabias palavras.
Na rua nota-se que as saias das meninas, da nova geração, estão cada vez mais curtas, assim como a vida de cada um, que é só piscar piscar os olhos e ver alguma coisa mudada ao nosso redor, tanto pro bem, quanto pro mal e, cabe a nós todos viver essa vida breve, vida louca, vida intensa, assim como dizia Cazuza, carregada no girar dos seus ponteiros e tentar prolonga-la com saúde e vitalidade.

2 comentários:

  1. Eu como leitora, ouvinte e além de tudo, costumo saber de tudo um pouco. Resumindo em poucas palavras, tudo que tem escrito, faz parte de um cotidiano real de nossas vidas, o belo, o feio na realidade somos nós mesmo pedindo permissão para viver e seguir em frente. Parabéns você fala de coisas maravilhosas, e a canção a qual se referiu é o espelho da verdade num simples verso. Realidade sempre!!!

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  2. Agradeço pela leitura e pelo comentário Terezinha.

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