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crônicas, contos e poesias

domingo, 10 de outubro de 2010

O leite derramado

Fim de tarde de uma sexta-feira, motoristas anciosos pra chegar em casa se engarrafavam entre outros nas principais avenidas da cidade, alguns estressados esmurravam o próprio volante, com pressa e depois colocavam a cabeça pra fora do vidro xingando o motorista vizinho. Motociclistas cortando os carros se desafiavam entre os corredores de automóveis, alguns motoristas mais alvoroçados cruzava os pares e os semáforos na esperança de ir mais adiante e por sinal foi um desse que se chocou com outro em um cruzamento da região central do municipio.
Os homens que dirigiam os carros envolvidos no acidente desceram dos mesmos e foram pra diante um do outro.Um deles desceu de uma caminhonete importada,trajando terno e gravata,era um homem  rico que se virou paro o outro e disse:"E agora, o que farei pra ir no clube,nas formaturas e nos coquetéis da vida?".
O outro, que havia descido de um carro popular antigo,trajando uma camisa com o bolso bordado o nome da empresa e a calça suja de graxa, um homem simples que apontou para o seu próprio carro disse:"é velho mas ta pago!"
Ambos deram as costas um para o outro,caminharam-se em direção das calçadas aonde se sentaram nas margens com os pés nas sarjetas apoiando os cotovelos nos joelhos,  mas cada um de um lado da rua.
O homem rico de um lado com a cabeça baixa começou a balançar a mesma pra um lado e pro outro em forma de negativa e o outro, o homem simples, coincidentemente do outro lado da rua fez o mesmo, dai eu pensei:

"Talvez seja uma forma de captar energias que façam seus carros voltarem como era antes."

Depois disso, o homem rico que além de sentar na margem da calçada com os cotovelos apoiados nos joelhos e balançando a cabeça de um lado pro outro passou a chorar. Coincidindo a imagem o homem que também sentava a margem da outra calçada, com os pés na sarjeta apoiando os cotovelos nos joelhos além de olhar pra baixo e balançar a cabeça de um lado e pro outro também passou a chorar ,daí eu pensei denovo:

"Talvez seja uma forma de ambos de intensificar a captação de energia que façam os carros voltarem como era"

Depois de tudo isso, o homem rico que além de sentar na margem da calçada com os cotovelos apoiados nos joelhos, com os pés na sarjeta, balançando a cabeça de um lado pro outro, chorando apontou para o seu próprio carro. O homem simples fez o mesmo só que ao invés de apontar para o seu próprio carro, ergueu os braços olhando para o céu. Vendo aquilo passei a achar que:

"Talvez seja uma forma de ambos de intensificar a captação de energia que façam os carros voltarem como era em dobro, mas cada um com sua técnica"

Brincadeira, a gente sabe o quanto é lamentável perder ou danificar um bem material pessoal, mas cabe a ambas as partes conversarem e decidirem civilmente o que fazerem em relação ao acidente, chorar pelo leite derramado não irá mudar em nada...o que vale é permanecer vivo.


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