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crônicas, contos e poesias

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A esquecida

Certa vez Jonas todo empolgado levou sua nova namorada numa reunião de amigos repleto de cervejas, petiscos e muita falação de bobeira. "O nome dela é Nana", disse ele sorrindo e apresentado-a aos amigos.
Mas quando fui até a cozinha pra pegar uma lata de cerveja ele foi até a mim e me confidenciou defeitos cruciais de sua nova namorada. Ele me disse que além de trabalhadora, de carinhosa, educada e de boa família, ela se esquecia de tudo.
Ela se esquecia de vestir as meias, de ir ao médico, de comprar mistura quando ia ao mercado, de ir a faculdade em dias de prova, de levar o guarda chuva nos dias de chuva e quando levava esquecia-o na casa da mãe. Ela se esquecia de pagar as contas, de fechar a torneira, as calcinhas penduradas no box do banheiro, a porta aberta quando vai dormir, o ferro de passar roupa ligado, a panela no fogo e a vela pra sua santinha de devoção derretendo no criado mudo.
Um belo dia ela saiu de casa pra comprar cigarro e no caminho ligou pra Jonas e disse:

__ Benhê, me perdi.
__ Aonde você está?
__ Na rua Antonio Carlos.
__ Eu moro na rua de trás meu amor.

Isso porque ja fazia seis meses que ela ia quase todos dias a casa de Jonas. Era daqueles namoros modernos cujo o casal mas dorme na casa um do outro do que na sua própria casa. Nana brincava e dizia que Jonas era seu 'namorido' , meio namorado, meio marido, atualmente os namoros fluem muito rápido.
Tem uma outra estória que Jonas me contou enquanto eu ainda procurava uma lata gelada de cerveja naquela geladeira que mal fechava. Ele me disse que um dia uma amiga da capital ligou e disse:

__ Parabéns amiga, você sabe que dia que é hoje né?
__ Que dia?
___ Dia do... Dia do... Dia do..
__ Já sei...Ha, ha, ha, ha... Dia do médico.
__ Não, é o dia do seu aniversário, parabéns, felicidades, saúde e sucesso pra você.

Nem a data do próprio aniversário ela lembrava, mas o pior nem foi isso. Jonas me disse que um dia quando foi a casa dela e a encontrou sentada na beira da cama só de calcinha, de salto, cabisbaixa, me lançando um roupão vermelho e dizendo: "Jonas, acho que estou grávida", e ele perplexo com a possível gravídez inesperada perguntou: "Como você acha que esta grávida, você toma pílulas anticoncepcionais". E ela sorrindo sem graça disse: "Eu esqueci de tomar".
O rapaz só tirou as dúvidas quando um exame de farmácia acusou negativo, mas decidiu leva-la ao médico pra que ele trata-se desse 'esquece-esquece'. O médico receitou um remédio pra ela tomar diariamente que na qual faria com que ela se trata-se do problema do esquecimento.
Meses depois ele foi a casa de Nana e encontrou-a sentada na beira da cama só de calcinha de salto, como sempre fazia, com o roupão vermelho nas mãos e cabisbaixa me dizendo que achava que estava grávida, que esqueceu de tomar o anticoncpecional. que sua menstruação atrasou e assim por diante.
"Esqueceu de tomar o anticoncepcional? Mas você já não toma a pílula que o médico receitou pra que  você não esqueça dessas coisas importantes?", questionou Jonas a namorada. "Sim , mas esqueci de tomar também"
Indignado com a situação o moço chamou a atenção de sua parceira fazendo-a chorar. Ela chorava e o moço um tanto arrependido lhe deu um abraço e pediu:

__ Me perdoa e esqueça do que eu disse.
__ Perdoar eu perdoou, mas esquecer não consigo amor.

Nana era assim mesmo, se esquecia de tudo mas o que era pra esquecer ela não esquecia.

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