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crônicas, contos e poesias

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O PC me faz companhia

Era uma casa unida, próxima de tudo, das avenidas principais, do centro comercial, do terminal de ônibus, do lago, da ferrovia. Quartos para cada um dos filhos, geladeira repleta de iogurtes, doces, carne, verdura, um carro 83 na garagem em bom estado, que locomovia a família toda com conforto pra qualquer lugar. Uma varanda com cadeiras pra receber os vizinhos, um jardim bem tratado mas não eram feliz até então trocarem a TV queimada por uma nova colorida. Uma casa sem televisão era uma casa vazia, sem graça, a TV eram 50% da educação de um cidadão.
 Depois disso, as crianças de férias acordavam cedo pra assistir desenho e o pai aguardava ansioso pra almoçar em casa e assistir o telejornal com o prato de comida no colo. A mãe agora não ficou mais de fora do assunto com as amigas na varanda quando o assunto era novela. O pai pra comemorar presentou as crianças com um video game e o filho mais velho com um video cassete, pra assistir os filmes com a namorada no sábado a tarde e aquela família voltou a ter cor.
Mas o tempo passou e surgiram outras tecnologias para substituir as que já tinham. O vídeo game hoje tem o gráfico e o áudio melhor, video cassete virou DVD e a TV perdeu a força diante da internet. Não só a TV como os livros, o cinema, o teatro, a música e as brincadeiras de rua também perderam suas forças.
Quantas vezes você não viu  alguém que desejava assistir  um filme na tela quente, mas decidiu antes dar uma passada rápida pela internet. Essa passada rápida durou o tempo necessário pra começar e acabar o filme. O relógio voa diante de um PC.
Já vi gente reprovar no vestibular porque trocou os estudos  por um bom bate-papo virtual.
Os livros empoeiram nas prateleiras enquanto o indivíduo prefere assistir vídeos que fazem sucesso no youtube.
Na rua não se ouve mais o estalo do taco rebeteando a bolinha para longe e dos chinelos de dedo batendo nas solas dos pés atrás de uma pipa que voa sem dono. Só se ouve apenas das janelas o barulho das teclas , digitadas com força por essa nova geração.
A internet disponibiliza filmes, músicas, livros, jogos, mas a maioria só usufrui das suas coleções de comunidades em redes sociais e amigos que muitas vezes nem se conhecem; de pessoas até que se passam por uma mesmo sendo outra. Na internet todos são perfeitos, todos são bonitos; é um mundo encantado diante da nossa fraqueza pessoal.
O internauta, hipnotizado pelo pisca-pisca alaranjado de um messenger, passa a enxergar as pessoas como se fosse apenas uma foto tratada em photoshop em um album chamado:"meu aniversário".
E é só rolar a tela pra ver nos albuns fotos de adolescentes exibicionistas nomeadas como: "eu de frente", "eu com barba", "eu na praia", mas o "eu bem próximo das pessoas de verdade" esta perdendo o valor.

"Sinto falta de você, mas me encanto ao ve-la sorri-la na webcam e sua voz doce no skype, mas seu cheiro...sua pele, não sei mas como é..."

É curioso o quanto o internauta troca o contato pessoal pelo contato virtual, é como se eu fosse na sua casa, te chamasse do portão, mas além do seu portão ser fechado, você prefere vir e falar comigo por de trás dele.

"Há dias que minha internet não conecta, o que eu vou fazer sem internet no final de semana?"

O pc como um todo é a companhia de muitos

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