Uma velhinha que costumava a fazer compras toda semana na feira, perguntou ao vendedor de legumes quanto custava o quilo de tal mercadoria que a mesma desejava e, assim que ele disse o preço ela gritou: "é um assalto...um assalto", surpresa por achar o preço dos legumes alto demais. Logo um rapaz que ouviu a velhinha gritando, passou a bola pra frente sem saber o certo o que era realmente e disse: "tem um assaltante aqui na feira", nisso o corre-corre dos transeuntes foi geral, mas essa estória eu li em um livro anos atrás.
Mas essa mesma estória aconteceu de verdade no dia 14 de janeiro de 2011 no Rio de Janeiro, mas foi um pouco diferente. Pais e mães com crianças a tira colo chorando, corriam por que viam outros correrem as vezes sem saber o porque e, os que sabiam o porque gritavam: " a barragem da represa se rompeu, corram". A correria foi geral também, inclusive a de um paciente que saia do hospital com o soro pendurado no braço, de carros dando ré na contra-mão nas avenidas ou de motoristas abandonando seus carros, pra fugirem até então, descobrirem que não passava de um simples boato.
Os boatos já fazem parte da tradição brasileira, sempre tem aqueles que inventam o boato e aquele que acredita e se torna o espalhador do fato inventado. O ruim é que esses boatos causam muito constrangimento numa comunidade, numa cidade, causando pavor por uma coisa que nem existe, pelo simples prazer de ver a coisa acontecer.
Nos anos 70, quando o pelé ainda jogava no Santos, ele veio até São José do Rio Preto com seu time, ao lado de Coutinho, Jairzinhoe outros, pra uma partida contra o América Futebol Clube, no antigo estádio Mário Alvares Mendonça. Torcedores que ficaram de fora, revoltado por não conseguir entrar, devido a lotação do estádio, resolveram queimar pneus usados atrás da arquibancada. Alguém viu de longe e achou que o fogo era na arquibancada e espalhou o boato. Pessoas rolaram pra baixo das escadas empurrados por outros atrás que temiam ser queimado pelo tal fogo que vinha de fora e as enfermarias lotaram de gente machucado com o empurra-empura e o fogo em sí, não queimou ninguém.
Tem gente que não inventa o boato por maldade, mas vê algo de forma distorcida e divulga o fato dessa forma.
Os boatos com o tempo deixam de ser pavorosos pra se tornarem lenda urbana, assim como a estória da cobra na piscina de bolinhas de uma loja de hamburguer famosa, do carrinho de compras que o guarda de um hipermercado, também muito famoso, viu pelas cameras de segurança, um carrinho de compras sendo empurrado por um fantasma invisível e também a de um necrofilo, em Rio Preto, que depois de ter relações com sua namorada morta e preservada num freezer, foi a uma micareta e beijou uma moça, transmitindo-a uma bactéria oriunda do cadáver da namorada, que destruiu a mucosa da boca e a face dessa moça que o dias depois.
Também me recordo da estória do boneco do fofão que diziam que vinham com uma faca dento dele e da boneca da Xuxa que arranhou a cara de uma menina no condomínio Rio Leste, a dois quarteirões da minha casa.
Todo boato tem conteúdo trágico, medonho, nunca vi algum boato positivo, de alguém sair pelas ruas dizendo que o João ganhou na loteria, que Maria saiu do hospital e se recupera bem em casa, com a família, que a Gisele passou pra segunda fase do vestibular de arquitetura que ela tanto queria e assim por diante. Assim como sou um escritor de crônicas vou ser um espalahador de boatos, mas serão boatos positivos, pra quebrar a regra dos boateiros profissionais que só se espalham as mesmas estórias de mau gosto.
Então...você, registre a partir de agora meu primeiro boato:
"Vocês são felizes, se amam e se querem bem... Hahahahahahahaha!!!"
OK, foi lançado.
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