
Já liberado por excesso de contigente do serviço militar obrigatório e, com 18 anos já completado, é hora de se matricular em auto-escola e dar início as aulas. Logo no primeiro dia de aula, a vontade de aprender faz com que as dificuldades não atrapalhe a a desenvoltura do garoto, diante do volante. O garoto goza, enquanto brinca de gente grande, sorrindo que nem bobo, dobrando esquinas que dão em avenidas possuídas por outros automóveis, liberando fumaça cinza e monóxido de carbono, sob um sol de 40 graus, digno de São José do Rio Preto, trocando marchas e controlando pedais com os pés, até então ser advertido pelo instrutor amigo que diz: "Calma, acelera menos meu querido", e ele educadamente responde: "Me perdoe, é apenas empolgação".

Mas eis que chega o dia do exame, qua avaliará como motorista e lhe dará a carteira de habilitação que tanto espera.
Na rua, outros meninos e meninas, um já avaliados e outros a espera de fazer o tal exame, circundam a pista se formando uma platéria, com um pedaço de papel marcado o número da senha, organizado por um sorteio minutos antes.
__ Número 17.
O garoto é chamado e caminha até aonde esta o carro, que na qual será a sua ferramenta para o exame, está estacionado.
Entra, senta, ajusta a distância do banco e os retrovisores, põe o cinto e depois de tudo isso ele nota do seu lado direito um velho gordo, perito da prova.
Ele liga o carro e o som do mesmo soa como um rugido de um leão faminto.
Engata a primeira, segunda, terceira marcha e a dois quarteirões após sua saída o perito diz, com a voz distorcida, tipo a voz que os telejornais colocam sobre a voz do entrevistado, que não quer ser identificado: " Faça a conversão a direita". O jovem deu a seta e fez a curva fechada a direita, com as mãos escorregando no voltante de tanto que suava. O homem, novamente, com a voz distorcida de monstro disse: " Faça a conversão a esquerda" e, o garoto avaliado, estático, com as costas colada ao banco e os olhos sem piscar, converteu o carro com a curva aberta a esquerda, deslizando a mão no voltante úmido. Tudo acontecia em slow motion, vendo a platéia de alunos que assistia o show de conversões e setas, diante de uma pista que mais parecia um enorme colchão de espuma estendido pelo asfalto.
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