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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade

Cansado daqueles solos virtuosos e  intermináveis, de introduções longas e cheio de firulas, quatro rapazes de Nova York, com jaquetas de couro, calças rasgadas, calçando tenis All Star, que diziam não saber tocar, sem querer inventaram o punk rock, direto, simples e com poucos acordes, despertando a curiosidade e a critica mundial da música, abrangindo a novidade, que na qual influenciou bandas nacionais no final da década de 70 e até os dias de hoje. Bandas tais como: Replicantes, Ratos de Porão, Olho Seco,  D.F.C, Calibre 12, Excluídos, Aborto Elétrico, Não Religião, Restos de nada, Inocentes, Cólera, Mukekas de Rato e outros, tendo maior ênfase na Grande São Paulo, ABC Paulista e Brasília.
Billy disse a Doutora Regina, com o hálito de cigarro e o moicano recém umedecidos, que conhecia todas essas bandas, e que colecionava os vinil destas, guardando-os em um báu trancado, junto a pulseiras, bandanas e correntes, mas essa tal de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade(TDAH) ele não conhecia. A Doutora, sempre simpática, riu do que ele disse e explicou em termos técnicos, que essa tal de Déficit de Atenção com Hiperatividade, é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
Seu Nome de Batismo era Marco Antônio, mas os punks do subúrbio o chamavam de Billy.
Billy fumava demais, se drogava demais, bebia muito, acordava de madrugada pra comer, não parava em emprego algum, não conseguia manter uma relação amorosa duradoura, se esquecia de tudo e não tinha paciência pra nada. Influenciado pela avó, que o criou, porém sua mãe não oa ceitava em casa, pelo seu estilo de vida, de agir, pensar, resolveu fazer um tratamento, indo toda semana na psicóloga, uma hora de sessão, pra tratar da inconfortável inquietação.
Ele me fez lembrar de quando tinha meus 16 anos, quando eu ouvia Ramones, Sex Pistols, Toy e Dolls, The Clash, Social Distortion, montei uma banda chamada Osteoporose, cujo o símbolo (desenhado por eu mesmo), era um velho de bengala e moicano, com meu amigo Marcel e compus uma musica chamada T.O.C (Trasntorno obsessivo compulsivo) e uma outra chamada "ratos cinzentos", me referindo a polícia. Mas banda não durou nada mais que um ensaio e, as músicas foram aproveitadas e tocadas, por uma banda chamada Delinquentes, no final da década de 90.
A doutora Regina prosseguiu e disse para Marco Antônio (Billy) abusar das agendas, dos calendários, palavras cruzadas, jogos da memória, deixar as coisas de utilidade sempre a vista, como carteira, documentos, beber menos, fumar menos, comer menos, não usar drogas e descarregar toda a energia com o esporte, caminhadas, dormir cedo, que logo essa ansiedade se ameniza.
Billy passou a partir daquele dia, seguir a risca as dicas da Doutora Regina, mas vivia recaindo em álcool, se esquecendo sempre de anotar na agenda suas obrigações do dia-dia.
O jovem punk suburbano, ganhou um baixo Tonante, usado, que a avó comprou num sebo e lhe deu de presente, mesmo não merecendo, chamou os amigos e formou uma banda. Enquanto os demais garotos do bairro, jogavam bola descalço e sem camisa na rua, ele e sua turma faziam barulho na dispensa dos fundos de sua casa, feliz da vida, abandonando a terapia e dizendo que sua ocupação agora é a música.

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